Cidade da Praia, 08 Jun (Inforpress) – Cabo Verde está a perder, todos os anos, 2,8 milhões de contos com perdas de energia, disse hoje, na Cidade da Praia, o presidente do conselho de administração da Empresa de Electricidade e Água (Electra), Luís Teixeira.
A informação foi avançada após um encontro com o cardeal, Dom Arlindo Furtado, com o intuito de pedir apoio da Igreja Católica na transmissão de bons valores e boas práticas sociais na luta contra o roubo de energia.
“Estamos a perder todos os anos 2,8 milhões de contos (…) e não vamos garantir a sustentabilidade do sector com este nível de perda. Os consumidores também não vão aumentar porque acaba por entrar nas tarifas”, advertiu.
Luís Teixeira precisou que a média nacional é 25,5 por cento (%), sendo Santiago a ilha com a média mais alta em termos de perdas de energia (34%) e com alguns bairros a atingir os 85% de perdas.
“Temos bairros de classe média com 30 e 40 por cento, mas também temos ilhas, como Sal que tem a perda inferior a dez por cento e São Vicente com doze por cento”, acrescentou.
Relativamente ao encontro com o cardeal Dom Arlindo Furtado, disse que se trata de uma “luta de todos” e que a Igreja Católica como uma instituição de “referência” pode ajudar a passar a mensagem de “reprovação desta má prática”.
“A Electra sozinha não vai ganhar esta luta. Esta é uma luta de todas as instituições e dentro da nossa estratégia de sensibilização achamos que podemos passar essa mensagem aos cabo-verdianos”, explicou.
Por sua vez, o cardeal Dom Arlindo Furtado observou que sendo a energia um sector “chave” para o desenvolvimento do país , o roubo de energia coloca em perigo o funcionamento da empresa.
“Esta preocupação do conselho de administração é legitima e todos os cidadãos devem colaborar para que esta situação seja ultrapassada”, apelou o Cardeal Dom Arlindo Furtado, garantindo que a Igreja Católica está disponível em ajudar neste sentido e também em incentivar a Electra no atendimento “célere” das solicitações dos cidadãos.
“Há um esforço conjunto que todos nós, a própria empresa, o Governo e as estruturas da Justiça, precisamos fazer para que a Electra não tenha perda e melhore os seus resultados, de modo a assegurar o fornecimento de energia, que é fundamental para o país”, indicou o chefe da Igreja Católica, exortando os cidadãos “a fazerem o bom uso dos bens, que são de todos”.
Segundo os dados divulgados pela Electra no passado mês de Fevereiro, as perdas totais de electricidade em 2021 em Cabo Verde representaram mais de 25,5 por cento (%) da produção nacional.
“As perdas totais de electricidade foram de 112.432.364 kilowatts/hora (kwh) representando 25,5% da produção nacional”, refere os dados da Electra que apontam para perdas avultadas também no sector da água, com realce para as ilhas de São Vicente, com 41,6%, e do Sal, 39,2%.
De acordo com as estatísticas que estão publicados na página da empresa, foram produzidas no total 441.580.109 kwh de electricidade e 8.687.416 metros cúbicos (m3) de água, tendo sido vendidos 286.724.566 kwh de electricidade e 6.971.992 m3 de água.
O mesmo documento adianta que a empresa terminou o ano de 2021 com 162.958 clientes activos de electricidade, dos quais 15.246 são beneficiários da tarifa social e 31.031 clientes de água, com 847 enquadrados na tarifa social da água.
A iluminação pública consumiu 14.481.146 kwh de energia eléctrica, para um total de 48.034 focos luminosos.
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