Cabo Verde já com casos mas ainda sem estatística de AVC em crianças e adolescentes – especialista

Mindelo, 27 Abr (Inforpress) – A neuro-pediatra do Hospital Baptista de Sousa (HBS), Stephanie Monteiro, assegurou hoje, no Mindelo, que Cabo Verde já tem casos, embora raros, de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em crianças e adolescentes, embora ainda não haja estatística.

E segundo a mesma fonte avançou à imprensa, esta foi uma das razões para a realização, nesta quinta-feira, da conferência “Particularidade do diagnóstico e tratamento do AVC em crianças e adolescentes”, destinada aos profissionais de saúde de São Vicente, no anfiteatro do HBS, em parceria com uma missão médica em neuro-pediatria vinda de Portugal

Stephanie Monteiro, que começou as suas funções em Dezembro de 2022, a primeira neuro-pediatra cabo-verdiana, formada em Portugal, ressaltou a necessidade de se falar sobre o tema, “pouco divulgado” no País, uma vez que a doença tem tido uma “atenção especial” do Ministério de Saúde de Cabo Verde por ser a “maior causa de morte” nos adultos.

“Em pediátrico não temos dados estatísticos, mas, é importante falar porque cerca de 50% destes casos, em idade pediátrico, tem alguma etiologia conhecida”, justificou a especialista, apontando causas de AVC nas crianças e adolescentes, nomeadamente, doenças cardíacas, infecções, traumatismos e doenças hematológicas, como anemias das células falciformes.

No caso de Cabo Verde, abordar a questão é, conforme a médica, pertinente, visto já terem sido identificados um “número considerável” de casos de anemias falciformes, principalmente na ilha de Santiago.

“É importante falar desse tema para que possamos trabalhar na prevenção primária, porque, mais do que tratar pós-AVC e os prevenir nesta população de risco”, considerou a mesma fonte, adiantando que, por ser raro, ainda não existe estatística de casos de AVC pediátrico em Cabo Verde.

Entretanto, Stephanie Monteiro congratulou-se com os trabalhos que vêm sendo feitos, muito devido a mortalidade relacionada com os adultos, e apontou como exemplo o documento do Ministério da Saúde sobre tratamento e prevenção de AVC, editado desde 2021, com parte dedicada à parte pediátrica.

Por outro lado, asseverou, no Hospital central Agostinho Neto, na Cidade da Praia, já existe exame de imagem, serviço de neurocirurgia e dispõe de um dos tratamentos, que é a trombólise.

Como outros desafios do País, a médica acredita ser “importante” que estes mesmos cuidados de saúde possam estar presentes em todas as ilhas, ou, pelo menos, nos dois hospitais centrais na Cidade da Praia e no Mindelo. Até lá, segundo a mesma fonte, é necessário ter condições para a transferência dos doentes necessitados destes cuidados.

Por seu lado, a representante da missão portuguesa, a neurologista e neuro-pediatra, Rita Lopes da Silva, assegurou que essa cooperação inter-ministerial Portugal/Cabo Verde permitiu trazer mais uma equipa de médicos ao arquipélago, pela 16ª vez, desde 2011.

A intenção, reforçou, é capacitar os profissionais cabo-verdianos, “tentando elevar os níveis dos cuidados de Cabo Verde e, na medida do possível, reduzir as evacuações para Portugal”.

Quanto ao tema do AVC Pediátrico, a especialista portuguesa explicou que esta é considerada quando acontece em crianças desde 01 mês de idade até os 18 anos e a, nível mundial, acontecem 0,6 a 13 casos por cada mil habitantes.

A equipa portuguesa, na presente missão, é formada por três neuro-pediatras, uma enfermeira especialista em neuro-pediatria e uma fisioterapeuta vindos do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, e do Centro Hospitalar do Porto.

LN/JMV

Inforpress/Fim

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