Espargos, 22 Set (Inforpress) – A Cabo Verde Empresas (CVE) manifesta-se apreensiva com a situação do turismo residencial e alojamento complementar particularmente nas ilhas do Sal e Boa Vista, com previsões abaixo dos 20 por cento (%) de taxa de ocupação na época alta.
Esta preocupação foi manifestada em nota de imprensa, onde o presidente da associação, Andrea Benolli, aponta que os indicadores no que respeita ao turismo residencial e alojamento complementar não se antevêem “positivos”.
Tira-se esta conclusão, de acordo com o documento, através de um inquérito que a Cabo Verde Empresas concluiu recentemente para avaliar a situação neste sub sector do turismo considerado muito importante, “porém esquecido”, num estudo alargado às ilhas do Sal e da Boa Vista, onde o sector representa um total de 3.500 camas.
“Aproximamo-nos de mais uma época alta, e as perspectivas para os envolvidos no alojamento complementar e no turismo residencial, ainda não são muito positivas, com previsões mais uma vez abaixo dos 20% de taxa de ocupação”, reiterou Andrea Benolli.
“E, se somarmos os efeitos que atingem o sector com a pandemia desde 2019, estamos falando de quatro anos perdidos, aumentando ainda mais a distância entre os poucos grandes operadores e os muitos pequenos empresários turísticos”, acrescenta.
Ao fazer esta análise, a Cabo Verde Empresas pede o apoio do Governo ao sector do Turismo Residencial e Alojamento Complementar, criticando a aposta que se mantém nos grandes resorts.
“O país continua a ditar uma agenda turística alinhada com os Grandes Operadores Turísticos (GOT) e os grandes investidores turísticos. Um mundo em que o espaço para os pequenos operadores se torna cada vez mais limitado, cada vez mais dependente daqueles assentos aéreos que por vezes ficam por vender e que, com um pouco de sorte, trazem alguns turistas até aos B&B e agências que exploram os apartamentos dos investidores”, comentou Andrea Benolli.
O responsável, para quem uma taxa de ocupação abaixo dos 20 por cento (%) é um facto que faria qualquer operador turístico “tremer”, “não existe” um plano estratégico para o turismo local.
“Um plano feito por operadores, pequenos ou grandes, que possam e devam ser parte activa na definição de uma agenda pública de intervenções, capaz de implementar normas e projectos e sobretudo exigir fiscalização”, sugeriu.
“Não estamos a falar de bares e restaurantes, já altamente regulamentados e fiscalizados, mas por exemplo de um serviço de controlo público nas ruas ou fiscalização dos muitos pick-ups não autorizados que transportam turistas sem qualquer tipo de licença e sob o olhar de todos, em detrimento daqueles que respeitam as regras e pagam as licenças”, explicou.
Nesta medida, desafia o Ministério do Turismo e Transportes e a Associação Nacional dos Municípios Cabo-Verdianos (ANMCV) a terem uma “maior colaboração operacional”, em conjunto com os “competentes representantes” do sector privado.
“Para que se compreenda melhor a lógica económica dos operadores e se definam políticas concertadas e concretas para que o mercado volte a funcionar, incentivando de forma partilhada o licenciamento das unidades”, concretizou,
Andrea Benolli concluiu, observando, que para além dos muitos encontros com os operadores económicos “não há no horizonte” investimentos capazes de garantir uma melhoria das condições dos pequenos operadores e, em particular, daqueles que lidam com o alojamento complementar e o turismo residencial.
SC/CP
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