Nova Sintra, 30 Jan (Inforpress) – Alguns empreendedores turísticos e mesmo os moradores da localidade de Fajã d´Água defendem a construção de uma segunda via alternativa para a localidade, temendo a reconstrução da estrada antiga e, consequentemente, mais derrocadas.
Em declarações à imprensa, José Andrade, um morador da localidade, mas também investidor em diversas áreas na zona, avançou que a aldeia não pode ficar encravada e neste momento estão a trabalhar na via vicinal, mas aguardam que seja pensada numa solução para ligar Fajã d´Água às outras localidades por estrada.
Quanto à via pedonal, realçou que está a trabalhar directamente nesta via, tendo em conta que reside na zona, acompanha o sofrimento das pessoas, principalmente dos idosos que não conseguem subir as rochas, prevendo-se entregar esta via pronta ainda no final de semana.
Este acesso, conforme evidenciou, vai permitir às pessoas circular em segurança, desde que seja substituída parte de terra batida por calçadas, evitando que o piso fique escorregadio.
Na questão dos investimentos, José Andrade admitiu que é uma “situação complicada”, porque no, seu caso concreto, além de um empreendimento turístico, possui investimento na área da agricultura e produção de aguardente que a falta de uma estrada carroçável tem condicionado tanto na questão dos clientes como no transporte da cana para a produção do grogue.
A mesma fonte falou da visita do Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, na passada sexta-feira, onde o chefe do Estado referiu que a localidade não pode ficar encravada, sendo necessária a construção de uma estrada alternativa, apontando a ligação de Palhal, praia de Portete e Esparadinha em Fajã d´Água.
Pois, segundo o morador e investidor, pode-se até trabalhar na estrada actual, fazer a reabilitação da via, mas o risco é que haja outras derrocadas em outras partes desta estrada.
Daí, sublinhou que todos os moradores estão apreensivos com esta situação e aguardando o desenrolar da história, com a esperança da construção da via alternativa para não virem a ser surpreendidos com novas derrocadas e isolamentos no futuro.
Nelson Colin é um jovem que tem em construção um empreendimento turístico na zona, e como destacou, “ser empreendedor na Brava é uma situação muito difícil devido à questão das ligações marítimas, mas agora é o isolamento dentro da própria ilha” a complicar o que já era difícil.
O jovem diz ter um investimento na localidade de Fajã d´Água, mas que não tem conseguido fazer nada, nem obras e nem receber clientes por causa da derrocada que deixou a zona isolada, considerando que neste momento é praticamente “um investimento perdido”.
E é por isso que aproveitou para apelar a quem de direito para uma solução viável e segura em relação à estrada, mas também que traga segurança para os bancos comerciais, principalmente na questão de empréstimos, porque, justificou, caso a estrada não vir a oferecer garantia, nenhum banco vai conceder crédito aos investidores por medo e investir na estrada já existente é um “perigo iminente”.
Sobre a via pedonal considerou que é indispensável, principalmente para os moradores, mas alertou para a necessidade de ter uma estrada para a circulação de carros, permitindo assim a entrada de mercadorias, materiais de construção e outros, necessários para dar continuidade aos investimentos e também clientes, relembrando ainda que esta é uma localidade piscatória e de alguma produção agrícola.
Na questão da via alternativa, salientou que a estrada via Palhal, Portete e Esparadinha seria uma boa opcção, que não só beneficiava a localidade de Fajã d´Água, mas também valorizava as zonas circundantes.
Entretanto, todos estão conscientes de que qualquer solução vai levar algum tempo, mas o “mais importante” é que seja uma solução segura e viável para desencravar a aldeia.
A localidade de Fajã d´Água ficou isolada no final da tarde do passado sábado, 21, após uma derrocada que, além de rocha e terra, levou consigo um troço de estrada.
Contactados pela Inforpress, os moradores garantiram que não houve mais derrocadas, mas que ainda nada é garantido tendo em conta os caprichos da natureza.
MC/JMV
Inforpress/Fim