Nova Sintra, 20 Nov (Inforpress) – A técnica do Instituto Cabo-Verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA) na ilha Brava, Edith Brito, avançou hoje que, desde o início do ano, foram registados 10 casos de abuso sexual e exploração de menores, na ilha.
A psicóloga falava à Inforpress no âmbito do 31º aniversário da Convenção dos Direitos das Crianças, relembrando que os casos contabilizados são os que foram registados pois, conforme avançou, há na ilha muitos outros casos que muitas vezes são “escondidos e camuflados” pela própria família.
Segundo a mesma fonte, muitas vezes os familiares encobrem tais situações, principalmente, quando o agressor são os parentes próximos como tios, padrastos ou o próprio pai da criança.
“Na Brava vemos que há muita violação dos direitos das crianças, sobretudo pelos próprios progenitores”, disse Edith Brito, apontando que um dos problemas que leva a este desfalque nos cuidados com as crianças, por parte dos progenitores, é o alcoolismo.
Para tentar minimizar esta situação sublinhou que tem feito campanhas de sensibilização nas zonas mais vulneráveis, conversando com os pais e encarregados da educação, apelando e sensibilizando para a criação de um diálogo confiável com os filhos.
Brito defendeu que é necessário que as crianças conheçam o próprio corpo por forma a estarem atentas a certos comportamentos dos agressores, mas que também é preciso que os pais evitem colocar as crianças em situações de risco.
Questionada sobre que tipo de comportamentos apresentam risco para as crianças, a psicóloga exemplificou com crianças deambulando sozinhas pelas ruas, permitir que brinquem em casa de colegas, amigos ou vizinhança, permitir que aceitem a oferta de moedas, doces e outros mimos, entre outros.
Para estar mais atento e mais próximo das crianças, Edith Brito recomendou que os pais cultivem uma certa amizade com a escola, como forma de conhecer o professor dos filhos, os colegas e os pais dos colegas.
Além disso, sublinhou que é necessário mostrar uma relação de confiança e de amizade aos filhos que lhes permitem chegar aos pais assim que se sentirem ameaçados por certos comportamentos.
Sobre o Fórum Infanto-Juvenil que teve a participação de crianças de todas as ilhas, considerou que a participação das crianças nesta actividade abre portas para participarem em outras acções relacionadas, sobretudo, com as questões sociais.
Com isso, reforçou que “aumenta a consciencialização da própria criança em relação aos seus direitos e deveres”.
Para finalizar apela à sociedade em geral que participe e apoie a defesa dos direitos da criança porque cada um possui um papel “importante” neste processo, incentivando as pessoas a fazerem denúncias através do número grátis do ICCA 800 10 20 ou da Polícia Nacional.
MC/HF
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