Nova Sintra, 28 Set (Inforpress) – A comunidade bravense emigrada reclama da falta de informações, de incentivos e de muita burocracia para a abertura de algum negócio de investimento na ilha, principalmente no despacho das encomendas.
Em declarações à Inforpress, Isaura Vieira, uma emigrante residente há cerca de cinquenta na Holanda, contou à Inforpress que sempre vem de férias para o País, nomeadamente para a ilha Brava, mas que muitas vezes havido situações que lhe tira o prazer de fazer algum tipo de investimento na ilha que a viu nascer.
Segundo a mesma fonte, um dos seus filhos queria investir na Brava, inclusive chegou a abrir um pequeno espaço na própria residência para negócios de vestuários e outros utensílios, mas que no desalfandegamento dos materiais teve que pagar “os olhos da cara” para tirar as suas encomendas.
“Tudo o que se encontra aqui é comercializado a um valor muito abaixo daquilo que custou porque nós não queremos ficar ricos, mas sim contribuir para o desenvolvimento da ilha e apoiar outras pessoas”, disse Isaura Vieira, reforçando que ao pagar um “balúrdio” na Alfândega e vender a um valor muito baixo do custo do mercado não justifica o investimento feito, preferindo doar o dinheiro às pessoas do que trazer encomendas.
Aliás, esta emigrante ressaltou que “são várias as dificuldades” para levar adiante um negócio, principalmente se os produtos comercializados são vindos do exterior e segundo a mesma há várias questões que ultrapassam a capacidade do Poder Local, atribuindo a “culpa” directamente ao Governo.
“Muitas vezes, as pessoas apontam o dedo somente ao presidente da câmara municipal, ao delegado de saúde, ao comandante da Esquadra Policial ou a outra instituição, mas esquecem que sem condições ou meios, nenhuma destas entidades locais conseguem fazer muita coisa”, defendeu.
Risa Ramos, também é outra emigrante nos Estados Unidos da América que decidiu investir numa boutique na localidade de Furna, mas que conforme contou o processo foi “longo, doloroso e demorado”.
“Para a abertura de um negócio no País, nós os emigrantes não temos nenhum local para obter informações, porque nem na embaixada conseguem nos informar”, disse a proprietária do Captain by the Bay Ramos Boutique & Design, destacando que o seu marido teve de se deslocar dos EUA para Cabo Verde para obter as informações necessárias e assim dar entrada num processo com todos os fundamentos.
Mas, além da falta de informação, Risa Ramos reclama também da falta de incentivos, principalmente nas tantas burocracias, mas também no processo de desalfandegamento das encomendas, que segundo a mesma na Brava, no desalfandegamento de alguns caixotes tiveram que contar os produtos peça a peça, solicitar os recibos das compras e cobrar um balúrdio.
“Em duas caixas cobraram quase 300 mil escudos. Como é que uma pessoa tem coragem para investir no seu País”, questionou a emigrante e proprietária.
Nesta situação encontram-se mais emigrantes que têm os seus negócios na ilha, principalmente no ramo de pronto a vestir, sapatos e perfumarias, mas que dizem que não reclamam porque é sempre a mesma coisa.
Aliás, alguns dos que possuem investimentos na ilha, além de “desanimados”, demonstraram-se preocupados, justificando que o poder de compra está a diminuir, o preço que pagam é elevado e que se aumentarem o preço dos produtos não vão ter saída.
Há casos de investidores que afirmaram que enviar as suas cargas em contentores dos EUA ou de outros países para outras ilhas, o preço do desalfandegamento mais o transporte e ordem embarque para chegar à Brava custa mais barato do que despachar directamente na Brava.
Como no caso da Risa Ramos adiantou que a ideia de investimento vai mais além da boutique, pensando em outros ramos, mas segundo a mesma é um caso ainda em análise, tendo em conta os diversos percalços que vem enfrentando no actual investimento já em funcionamento.
MC/JMV
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