Brava: Crianças movimentaram Nova Sintra com batucada e um apelo à protecção dos seus direitos (c/áudio)

Nova Sintra, 02 Jun (Inforpress) – As crianças da Escola Manuel Rodrigues Gomes (EMRG), do Complexo de Nova Sintra, saíram hoje às ruas com batucada e pedindo à sociedade para protegê-las e respeitar os seus direitos, num evento organizado pelo ICCA.

Arminda Monteiro é uma mãe que acompanhou essas crianças no trajecto, enalteceu a importância desta actividade, pese embora, realçou que a sociedade já sabe dos direitos das crianças, de que devem protegê-las, mas que mesmo assim são negligenciados.

Daí, destacou que já é hora de “acordar e lembrar” a sociedade de que as crianças estão cientes dos seus direitos e cabe à própria sociedade apoiar-lhes na protecção e no cumprimento dos mesmos.

Mas também, pede primeiramente aos pais para que sejam cumpridores das suas tarefas e obrigações como pais, e fazer as crianças serem crianças, exemplificando a adultização das crianças, principalmente no vestuário, entre outros aspectos.

Por seu turno, Eugénia Lomba que também esteve presente, considerou que a sociedade bravense é pequena, mas que ainda há muita coisa para fazer no que tange a protecção das crianças e dos seus direitos.

“São as crianças que vão nos substituir mais tarde e caso não forem cuidadas de agora, se os seus direitos não forem protegidos, mais adiante teremos uma sociedade com várias lacunas e fragilizada”, alertou.

Para Eugénia Lomba muitos não têm protegido as crianças, mesmo que na teoria seja um assunto muito falado, mas na prática é muito pouco.

Além disso, alertou no sentido dos pais, além de protegerem as crianças e lutarem para o cumprimento dos seus direitos, relembrarem que estas também têm deveres e que estas coisas devem andar de mãos dadas, relembrando que a educação inicia em casa.

“As crianças são inteligentes e conseguem desde muito cedo ver os seus direitos e assim também é preciso começar a orientá-los a serem pessoas do bem, porque é da base que se começa a trabalhar”, sustentou, destacando que é preciso ter em mente de que o futuro se encontra nas suas mãos e deve-se fazer de tudo para ajudá-las.

Da parte do Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA), Mileida Cabral, psicóloga e responsável da delegação na Brava, explicou que esta actividade vem na mesma senda da alvorada realizada esta quinta-feira, na localidade de Furna, apelando à protecção dos direitos das crianças.

Aproveitou para pedir a todos os pais e encarregados da educação que tirem um “momento de qualidade” para se dialogarem com os seus filhos, mesmo estando ciente de que as distrações hoje são maiores.

Mas, defendeu que é necessário estar sempre atento a eles e não os deixar em situações de risco.

Sobre a questão da violação dos direitos das crianças na Brava, destacou que além da questão da pensão alimentícia, tem tido casos de negação do registo do nascimento, bullying e discriminação na escola, situações que são “casos claros” de negligencias e de violações de direitos, sustentando que é preciso cada um assumir as responsabilidades e minimizar tais situações.

Quanto ao abuso, violência e exploração sexual, avançou que o ICCA tem um plano em funcionamento de combate ao abuso sexual que decorre até 2024 e prevê-se a capacitação para entidades religiosas, pais, no sentido de prepará-los e orientá-los a prevenirem os casos de violação.

Na Brava, anunciou que tem feito várias acções de sensibilização com as crianças, acreditando que é desde cedo que é para falar com elas para não acontecer, porque o trabalho é sempre de prevenção, embora é consciente de que o seu trabalho não tem sido suficiente para todas essas demandas por falta de recursos humanos.

A delegação do ICCA programou um conjunto de actividades que serão realizadas em vários pontos da ilha, como palestras, conversas abertas, acções de sensibilização sobre prevenção e combate ao abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, trabalho infantil, entre outras.

MC/CP

Inforpress/Fim

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