Sal Rei, 29 Nov (Inforpress) – A localidade de Povoação Velha já tem uma máquina de dessalinização da água para a agricultura, a primeira a ser instalada na ilha da Boa Vista, um projecto da Associação Varandinha com financiamento da empresa Genius Water.
Segundo o presidente da Associação Varandinha, Henrique Cruz, este projecto, financiado em cerca de 36 mil contos, se concretizou com a montagem de um dessalinizador na zona de Varandinha onde 174 painéis de 33 watts cada um mobilizará, a partir de um furo, 75 metros cúbicos (m³) de água por dia para agricultura.
“Peço a todos os agricultores para pegar com toda a garra e trabalhar os terrenos para haver produção não somente para o sustento familiar, mas também para abastecer os hotéis e quiçá exportar para outras ilhas”, afirmou o presidente que considerou “ser este um momento de se aproveitar e fazer aquilo que desde sempre se fez na Boa Vista, agricultura e pecuária”.
Henrique Cruz explicou que este projecto constava no plano de actividade da Associação Varandinha tendo em conta que se constou que a água era salobra e, apesar de se continuar a praticar agricultura, ao longo do tempo poderia trazer problemas e desânimo dos agricultores, caso o terreno se torne salgado.
O projecto começou a ser implementado em 2014, com financiamento da Austrália e do Governo de Cabo Verde, em termos de materiais e doação de terreno, a extracção de um furo e a construção de depósitos de água.
Henrique Cruz disse que o caudal de água que pode ser extraído do furo serviu de motivação para que se abrisse uma negociação com a Genius Water, empresa que trabalha com materiais de mobilização e dessalinização de água.
“Desde 2019 contactamos o financiador da altura mas com a pandemia concluíram que deviam colaborar connosco neste projecto que vai servir, e muito, a Povoação Velha que terá disponível, mediante solicitação, à volta de 140 hectares de terreno para cultivo”, disse, reiterando que “este projecto que vai dar uma reviravolta em termos daquilo que poderá ser a agricultura na localidade”.
Para ele, tudo dependerá da boa vontade, não só, das associações que, em primeira mão, devem mostrar-se disponíveis em querer que algo diferente seja feito para os seus povoados, mas também uma boa participação das câmaras municipais e do Governo no sentido de fazer de facto o que dizem todos os dias, “que as pessoas vivem bem em suas casas”.
Isto porque, conforme sugeriu Henrique Cruz “este projecto poderá servir de exemplo para outras localidades da ilha e concelhos do país”, avançando que “já colocou a empresa financiadora em contacto com outros dirigentes associativos para estudar a possibilidade de expandir esta ideia para outras zonas da ilha”.
O dirigente associativo destacou a vertente deste projecto que deverá ser inaugurado em meados de Dezembro, com a instalação uma central fotovoltaica com cerca de 175 painéis solares, de 330 watts cada um, e capacidade de funcionamento que vai garantir aos agricultores 75 m³ de água por dia.
VD/HF
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