Sal Rei, 12 Dez (Inforpress) – A história da presença de judeus em Cabo Verde vai ser retratada em documentário, do produtor Guenny Pires, cuja uma parte das filmagens teve lugar na ilha da Boa Vista, onde há “fortes marcas” judaicas.
O documentário, cujas filmagens tiveram início na ilha da Boa Vista, é uma Produção da Txan Filme, e conta com ajuda da Presidência da República, Câmara Municipal da Boa Vista e outras organizações interessadas neste projecto.
Em declarações à Inforpress, Guenny Pires explicou que Boa Vista é uma das ilhas escolhidas para o registo das filmagens, por ser a ilha onde há grande história de descobrimentos de Cabo Verde e por ser uma ilha mais próxima de África.
Conforme adiantou, o projecto já está bastante avançado, tendo já recolhido imagens de lugares que denotam a presença de judeus, como o cemitério. Fez-se ainda entrevistas a pessoas, como João Pereira Silva, o professor Manuel Semedo, antropólogo, e algumas pessoas fora do país ligadas a este tema como um professor de história da San Dominguez State University e outros estudiosos da história de Cabo Verde.
“O projecto deste filme visa discutir questões de identidade de Cabo Verde. Por isso a presença de judeus é importante porque mudou muito a forma de olhar Cabo Verde e cabo-verdianos. Esta presença é interessante com muito envolvimento da diáspora”, afirmou Guenny Pires que falava deste interesse em mostrar estes elementos que existem na cultura cabo-verdiana e forma de vida através dos audiovisuais.
Ainda não há data prevista para lançamento, isto porque o produtor, quer ainda filmar em alguns países de África, que fizeram parte da rota da escravatura, envolvidos neste processo de viagens, por onde acredita-se que os judeus passaram até chegarem a Cabo Verde.
Para o roteiro do filme será ainda captado imagens no cemitério em Ponto do Sol, ilha de Santo Antão, e noutras campas judias em São Nicolau, Fogo e Santiago.
Ainda segundo adiantou, o produtor para este trabalho, recorreu-se também a documentos de arquivos, entrevistas, historiadores, e outras pessoas que tem alguma ligação com este tema.
“Uma das razões de eu ter feito este documentário é porque a minha família está ligada à história de judeus em Cabo Verde. O apelido era Pérez, e depois que chegaram em Cabo Verde, vindos do Sul da Espanha, mudaram para Pires, devido a cristianização de pessoas e aquilo que aconteceu”, aponta Guenny Pires esta razão genética como um dos motivos que o impulsionou a fazer esta pesquisa para o documentário.
Para Guenny, esta é uma oportunidade de escrever a história através do audiovisual, para mostrar o lado da emigração, e poderá servir como documento de ensino e estudo nas escolas ou até mesmo exposto nos museus.
“Há muita história de Cabo Verde que não está a ser estudada. Mas se fizermos filmes sobre os mesmos, com certeza é uma oportunidade de desenvolver e discutir sobre o tema e dos jovens aprenderem sobre estes assuntos que são importantes no contexto da cultura e da história de Cabo Verde que a maioria não está registada, conhecida e divulgada”, disse.
Guenny Pires acrescentou ainda que este documentário sobre a presença dos judeus em Cabo Verde tem a ver com a diáspora de Cabo Verde, onde há um núcleo de Judeus organizado nos Estados Unidos na zona de Nova Inglaterra, sobretudo em Rode Islands, que também fazem parte deste documentário.
O produtor realçou a importância de continuar a trabalhar nestes temas e criar uma nova visão, sobre a história e cultura de Cabo Verde.
Pois, na sua maneira de pensar, como estudante e como realizador, “Cabo Verde tem muito a ganhar se ficar mais envolvido na África e com coisas que acontecem neste continente”.
Por agora, o nome do filme é uma incógnita, sendo que, disse, conforme for trabalhando no filme, poderá mudar o nome deste documentário que quer contar a história dos judeus em Cabo Verde.
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Inforpress/Fim