Sal Rei, 30 Jun (Inforpress) – O presidente do Instituto do Património Cultural (IPC) informou hoje que já se iniciaram processos formais para reabilitar o núcleo de arqueologia da Boa Vista, em Sal Rei, e o Forte Duque de Bragança, no ilhéu Djéu.
Hamilton Fernandes, que avançou à Inforpress ao fazer o balanço da missão à Boa Vista, indicou que as obras arrancam no próximo mês Julho.
A visita, segundo a mesma fonte, foi ocasião ainda para encontros com parceiros locais, entre eles a câmara municipal, para iniciar a implementação dos projetos ligados à preservação do património e criação de novas ofertas a nível turístico-cultural.
Acompanhado da diretora dos Museus, Ana Baessa, e do arquiteto, Ricardo Ortet, em visitas ao edifício da ex-alfândega, situado no litoral da Praia de Diante, na cidade de Sal Rei, que albergará o Núcleo de Arqueologia da Boa Vista, Hamilton Fernandes informou que o espaço já foi cedido pelo Ministério das Finanças ao Ministério da Cultura.
Segundo explicou, a este projecto, que consta da diretiva de investimento turístico 2022/2026 aprovado recentemente pelo Conselho de Ministros, está alocado uma verba através do Fundo do Turismo, no valor de 12 mil contos.
O mesmo indicou ainda que, do total de 110 mil euros do projecto MERGULHAR2, cujo objectivo é valorizar a região subaquática da MACARONESIA, parte desta verba, isto é, 2.500 contos serão utilizados neste projecto que terá sede no ex-edifício da alfândega, com conteúdo museológico, integrado num conjunto com suportes interpretativos e sistema audiovisual, entre outros recursos.
Sobre o encontro com empreiteiros, Hamilton Fernandes contou que através de uma lista pequena de propostas se irá selecionar a melhor, tendo em conta que, conforme sublinhou, é preciso salvaguardar o tempo de execução da obra, porque todo o projecto terá que ser instalado num horizonte temporal de seis meses.
“É importante mencionar que o projecto tem haver em certa medida com uma questão de justiça e justeza para com a ilha”, disse, indicando que o grosso do espólio dos trabalhos de arqueologia subaquática realizada desde os finais da década de 90, que se encontra no Museu da Arqueologia, da Cidade da Praia, é proveniente da ilha da Boa Vista.
Daí o dirigente do IPC pressupor que já é o momento de devolver à ilha da Boa Vista este “importante legado móvel”, no caso, acervos que serão instalados no museu.
Por outro lado, destacou a importância do museu para interpretação turística cultural, no aumento da diversificação de oferta de espaço de visitas onde turistas e nativos poderão conhecer a história da Boa Vista e de Cabo verde, dado ao papel da ilha na abolição da escravatura, sendo que foi um entreposto de vigia atlântica e de comercialização do sal.
Ou seja, enalteceu, há uma “narrativa histórica importante” que pode ser passível de ser transformada em ativo, pelo que o museu será mais um espaço de contemplação e lazer a ser oferecido aos nativos e turistas.
A mesma fonte acrescentou que este projecto estará interligado com o de reabilitação do Forte Duque de Bragança, localizado no ilhéu Djéu, cujo processo teve início na sexta-feira, 24, com assinatura do protocolo com a Direção Nacional do Ambiente, através do programa Biotour, financiado pelo PNUD no valor de 4.000 contos.
O responsável garantiu que, haverá a preocupação ambiental, em que será tido em conta a capacidade de carga no ilhéu Djeu, pelo que, indicou, haverá instalação de equipamentos leves e removíveis, como passadiços colocados para acesso a um circuito desenhado, painéis de sinalética localizados em pontos estratégicos e um quiosque em que o rendimento das vendas será revertido para campanhas de limpeza, manutenção do próprio Forte ou para outras actividades conexas.
Neste ponto, destacou o papel das ONG ambientais nos quesitos de sensibilização ambiental e remoção de resíduos a serem produzidos no local, acrescidas com as que são levadas pelas correntes marítimas as zonas costeiras do ilhéu.
Entretanto, o dirigente do IPC alertou para que esta responsabilidade ambiental seja partilhada com a Câmara Municipal da Boa Vista, a Direção-geral do Ambiente, representado pela Ministério do Ambiente através da delegação na ilha, que envolverá também os privados, operadores turísticos, peixeiras e pescadores, que também ganharam com o projecto, por exemplo com disponibilização de botes para transporte de pessoas para o ilhéu.
“Será mais um espaço de visitação em que haverá toda uma cadeia econômica à volta da sustentabilidade da ilha”, finalizou, sublinhando serem projectos de reabilitação com perspectiva turístico, histórico e cultural assente na sustentabilidade ambiental.
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Inforpress/Fim