Cidade da Praia, 21 Abr (Inforpress) – O biólogo botânico Isildo Gomes considerou que Cabo Verde tem necessidade “enorme” de um corpo único de profissionais de diversas instituições nacionais visando desenvolver trabalhos de pesquisas sobre espécies endêmicas da fauna e flora em todas as ilhas.
O biólogo do Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário (INIDA) falava à imprensa durante a abertura do primeiro Simpósio Internacional sobre a Flora e Recursos Naturais das ilhas de Cabo Verde, que aconteceu hoje na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), cujo objectivo foi apresentar os resultados das investigações de campo realizados entre os anos de 2018 a 2022.
Apesar de enaltecer todo o contributo dado por esses profissionais ao longo das pesquisas feitas no terreno, Isildo Gomes defendeu ser necessário congregar sinergia das instituições nacionais e ONG, aliados às instituições internacionais, no sentido de ter resultados e menos recursos gastos pelo Estado.
“A ciência faz-se em rede, a ciência hoje é global, temos essa necessidade imperiosa das instituições cabo-verdianas se associarem para que realmente haja menos recursos gastos e se trabalha com pouco, mas se faça muito”, precisou, destacando a importância da colaboração dos estudantes da universidade pública nos projectos levados a cabo pelo instituto em parceria com a Associação Projecto Vitó.
Relativamente aos dados, informou, abordam temas da flora e da fauna através dos polinizadores dos insectos, lembrando que são dados recentes e que o instituto vem realizando desde os anos 90 pesquisas do tipo, culminando em várias publicações.
Na ilha de Santa Luzia, avançou, foram encontrados registos de nove espécies, um resultado que considerou “muito bom” para a ciência, mas, sobretudo, para os decisores políticos visto que se trata de uma reserva natural e integral e que “tem valores que não estão registados”.
Quanto a Santiago, adiantou, há novas populações de marmulano (uma planta do género Sideroxylon), e em São Nicolau novas populações de dragoeiros, espécies endêmicas e emblemáticas de Cabo Verde, o que significa, na visão deste biólogo, que se deve continuar a trabalhar para que fortaleçam os conhecimentos na matéria.
“Nós queremos uma equipa de encontro de gerações, com investigadores seniores, mas que transmitam os seus conhecimentos aos mais novos que estão iniciando na ciência. É nesta altura que incentivamos a se aplicarem na ciência” disse.
O mesmo defendeu a revisão da lista vermelha, alertando que foi publicada em 1996 e que deve conter dados desatualizados, porém, sublinhou o biólogo, os registos novos fazem-se com os dados das instituições e não com “consultorias”.
“Fazendo o trabalho de campo, pelas montanhas e vales muito grande para que realmente possamos ter dados novos, registos novos e resulte numa nova lista vermelha, mas que traga dados dos estudos actuais das populações quer da flora e da fauna”, ressaltou.
Para Isildo Gomes, é essencial que haja uma concertação, ou seja, que a Direcção Nacional do Ambiente (DNA) coordene todas as acções ambientais, mas que a execução fique a cargo das próprias instituições.
O projecto é coordenado pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade de Lisboa (Portugal), e tem como parceiros em Cabo Verde o INIDA, a Uni-CV, a DNA e a Associação Projeto Vitó.
LT/CP
Inforpress/Fim