Batuku: Associações de Achada Grande Trás juntam-se para resgatar tradição com ambição de criar uma escola

Cidade da Praia, 17 Jan (Inforpress) – As Associações de Achada Grande Trás, na cidade da Praia, querem impulsionar e contribuir para resgatar o batuku (batuco), uma das principais actividades culturais, outrora, realizadas nesta zona, criar uma escola e deixar um legado.

Esses desejos foram manifestados à Inforpress pela Associação de Desenvolvimento de Marrocos (ADM) que pretende junto com a Associação de Pescadores e do próprio grupo de batuku local, Raiz de Tambarina, resgatar esta manifestação cultural, património nacional.

Segundo o vice-presidente da ADM, Antóquio Teixeira, a intenção é criar uma documentação que compila todo o percurso e historial do grupo Raiz de Tambarina, tido como um dos primeiros a existir em Cabo Verde e que, regozijou-se, levou o nome de Achada Grande Trás a outros pontos da ilha de Santiago.

Acrescentou que se reuniram para analisar o estado do batuku, pela sua importância, e que puderam constatar a “força de vontade” dos elementos do grupo em não deixar morrer esta tradição.

“Pretendemos recomeçar já os ensaios e até já temos convite para participar de um evento, no dia 21 de Fevereiro, da ACRIDES, que já demonstrou o interesse em nos ajudar, por exemplo, na formação de danças tradicionais, como é o caso do batuku”, referiu.

As associações querem também actualizar o grupo de batucadeiras, com o engajamento dos jovens, porque, de acordo com Antóquio Teixeira, alguns dos seus integrantes já são idosos, e seria uma forma também de preencher o tempo livre dos jovens.

Um outro desejo demonstrado é documentar todo o percurso e historial do batuku de Achada Grande Trás, um historial digital, que permita mais tarde as pessoas conhecerem a sua história, os seus fundadores, bem como as suas músicas.

“Acredito que o maior desafio que temos pela frente prende-se com a documentação do grupo de batuku Raiz de Tambarina, mas temos um projecto, estamos a trabalhar nele para depois criarmos um banco de dados, e passar à fase de busca de apoios, para concretizar este projecto”, contou.

Adiantou ainda que as associações pretendem homenagear, este ano, por ocasião da festividade da santa padroeira, no mês de Julho, um dos fundadores do grupo, numa cerimónia que terá a participação de outros grupos de batuku da ilha de Santiago.

O grupo Raiz de Tambarina tem uma ou duas músicas gravadas, mas a intenção, segundo a mesma fonte, é contar com alguns apoios, no sentido de gravar mais canções, e dispor de mais meios materiais, como a “tchabeta”, tumpa, introduzir ainda violas, para modernizar um pouco o batuku.

“Aqui é notável que as pessoas gostam do batuku, tanto é que sempre que se faz alguma actividade com participação de batucadeiras, as pessoas juntam-se, sabem vivenciar o batuku. O que falta é o incentivo”, atestou, acrescentando que o objectivo é, a partir de agora, realizar ensaios e passar a participar de actividades, principalmente as realizadas nesta zona.

Quanto à ambição das associações de ter uma escola de batuku, adiantou que o propósito é aproveitar os ensinamentos das pessoas mais idosas, a sua experiência e os conhecimentos nesta actividade cultural.

“Sabemos que se iniciarmos os ensaios teremos alguns convites, e queremos, por outro lado, gravar as letras do grupo, para ter reconhecimento, um legado, e não ficar perdido no tempo”, justificou.

O batuku é um género musical cabo-verdiano, tradicionalmente executado por mulheres, que se baseia na percussão e no canto e dança. É um património cultural de Cabo Verde, principalmente da ilha de Santiago.

O Dia Nacional do Batuco foi institucionalizado no país em 31 de Julho de 2021.

Segundo a publicação no Boletim Oficial (B.O.), esta iniciativa tem como objectivo reconhecer a sua importância como Património Nacional, além de louvar os intérpretes e aqueles que ajudaram na criação do universo cultural diversificado que expressa, no batuku, a alma cabo-verdiana e reconhecer os direitos humanos, os direitos dos cidadãos, das populações e das mulheres.

ET/ZS

Inforpress/Fim

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