Cidade da Praia, 21 Mar (Inforpress) – As crianças e jovens com Síndrome de Down em Cabo Verde precisam de mais cuidados na área terapêutica e respostas mais céleres nas diversas necessidades que os familiares têm para maior inclusão e tratamento.
A afirmação é da presidente da Associação de Pais e Amigos de Crianças e Jovens com Necessidades Especiais (Colmeia), numa declaração à imprensa a propósito da assinalação do Dia Mundial da Síndrome de Down, 21, e cujo propósito é consciencializar as pessoas sobre a importância da luta pelo bem-estar, igualdade de direitos e inclusão dos portadores de trissomia 21 (Síndrome de Down) na sociedade.
Por isso, tendo em consideração a data, Isabel Moniz sublinha que no país as promessas e garantias de uma sociedade melhor para os portadores de deficiência são tantas que a “verdadeira acção fica insignificante”.
“Em Cabo Verde precisamos acompanhar as crianças e famílias para uma melhor protecção a todos os níveis. Esta marcha tem o propósito de chamar a atenção dos decisores políticos para mais acção e menos conversa”, disse a presidente da Colmeia, que quer com este acto apelar a uma maior resposta para com as crianças, jovens e seus familiares.
Ainda a presidente da Colmeia, no país existe “um grande défice” de sensibilização das pessoas quanto a estas causas, pelo que admite a necessidade de se trabalhar os estigmas e não só.
Mesmo reconhecendo algum trabalho que vem sendo feito pelas autoridades, na sua mensagem alusiva à data, Isabel Moniz continua a incidir em “respostas” para os cerca de 600 familiares de crianças e jovens com todo o tipo de deficiência, nas escolas, na saúde e protecção social.
A representante da Câmara Municipal da Praia na marcha, a socióloga Margarida Rocha, realçou a parceria “indiscutível” da autarquia da Praia nesta caminhada em que se tem priorizado a sensibilização das pessoas para a consciencialização da Síndrome de Down.
“É por este motivo que aderimos à data com actividades alusivas ao Dia Mundial da Poesia e da Árvore e com destaque, hoje, para uma sessão de declamação de poesia pelas crianças surdas através da língua gestual”, disse.
Conforme Margarida Rocha, a Câmara Municipal da Praia para maior resposta às necessidades elaborou um vasto programa de sensibilização, acesso e apoio aos deficientes e familiares.
Referindo-se à falta de dados para se poder controlar as famílias e as necessidades, avançou que a autarquia tem em agenda a realização de um levantamento das famílias com crianças e jovens com necessidades especiais para poder agir e responder com celeridade.
No dia de hoje, para além da marcha, os pais e crianças com Síndrome de Down participaram numa sessão de poesia gestual, em actividades recreativas na Praça Alexandre Albuquerque, acção de sensibilização nas lojas da rua pedonal e assistiram à projecção do filme “Do Luto à Luta” no cinema da Praia.
A data escolhida pela Organização das Nações Unidas lembra que a Síndrome de Down é uma alteração genética no cromossomo “21”, que deve ser formado por um par, mas no caso das pessoas com a síndrome, aparece com “3” exemplares (trissomia).
A ideia surgiu na Down Syndrome Internacional, na pessoa do geneticista da Universidade de Genebra, Stylianos E. Antonorakis, e foi confirmada pela ONU.
Estabelecida em 2006, a data tem por finalidade dar visibilidade ao tema, reduzindo a origem do preconceito e combater o mito que teima em transformar uma diferença num rótulo, numa sociedade cada vez mais sem tempo, sensibilidade ou paciência para o “diferente”.
A Síndrome de Down foi descoberta em 1862 pelo médico britânico John Langdon Down, apesar de ainda estar-se em situação muito distante do ideal, nesse intervalo de 153 anos muitos foram os avanços no âmbito da ciência e da sociedade nas últimas três décadas.
A Síndrome de Down não é uma doença e não impede, de maneira nenhuma, que o indivíduo tenha uma vida social normal (se é que esse termo ainda faz algum sentido). E, nessa questão, já se emenda uma outra, igualmente importante que é a inclusão.
PC/ZS