Activista LGBTQI+ pede proibição legal da homofobia em Cabo Verde

Cidade da Praia, 24 Jun (Inforpress) – A jovem activista cabo-verdiana e defensora de lésbicas, Gays, Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromântiques/Agénero, Pan/Poli e mais (LGBTQI+), Lolo Arziki, pediu, em entrevista à Inforpress, a proibição legal da homofobia em Cabo Verde.

Lolo Arziki, que falava à Inforpress a propósito do Dia Internacional do Orgulho LGBTQI+, comemorado a 28 de Junho, disse achar que já é altura de limpar os olhos e ver pessoas LGBTQI+ como pessoas normais e parte da natureza humana.

“São pessoas como qualquer outra cuja orientação sexual ou identidade de género não define o seu carácter, são pessoas cuja existência e os direitos humanos têm de ser respeitados”, acrescentou.

A também cineasta cabo-verdiana apelou às autoridades a praticarem, de facto, os direitos humanos e a libertarem a comunidade LGBTQI+. “Queremos a proibição legal da homofobia, uma legislação que protege os direitos LGBTQI+”, acrescentou Lolo Arziki, relembrando que aquela comunidade vem sendo “massacrada por séculos”, com a “desumanização” de seus corpos, vidas interrompidas, histórias destruídas, desejos mutilados por “um sistema racista, escravocrático e colonial”.

“A nossa autoridade quer continuar a replicar essa história, ou vai nos apoiar e fazer mudanças radicais?”, questionou a activista, exigindo, na condição de “cidadã activa”, mudanças, respeito e dignidade da comunidade LGBTQI+ e outras comunidades marginalizadas em Cabo Verde e na diáspora.

“Não olhem para o mundo através do vosso umbigo, antes de vocês já existiam outros e além de vocês existe uma humanidade e nesta humanidade existem pessoas desprotegidas que estão sob a vossa responsabilidade”, completou.

Prosseguindo, Lolo Arziki afirmou que ela como pessoa que ama pessoas do mesmo sexo e natural de um país onde a homossexualidade só é legalizada em 2004/2005 e onde em 2019 quase 2020 continua se a lutar pela alteração da lei do casamento, pela proibição constitucional da homofobia, vivendo numa diáspora onde a comunidade cabo-verdiana continua a ser rejeitada e marginalizada, luta pela dignidade da sua existência e, sobretudo, pela dignidade da existência da sua comunidade.

“Eu falo e luto por aquilo que muitos infelizmente não podem falar nem lutar pois vivem sobre leis homofóbicas e barbaras que as oprime. Que as proíbe de existir, de serem, de viverem”, revelou a entrevistada, acrescentando que é por essas pessoas que ela continua a existir com a sua arte, vida e activismo possa causar transformação nesta sociedade, neste sistema político.

Por isso, diz, carrega esta responsabilidade de se assumir sempre publicamente e participar em discussões e decisões sociais e políticas.

“Não luto sozinha… há um grande movimento de pessoas negras LGBTQI+. Aliás toda a história, desde os nossos ancestrais até os dias de hoje, lutamos pelo nosso direito de existirmos livres da imposição hipócrita do sistema do patriarcado, machista, racista e homofóbico”, finalizou.

GSF/ZS

Inforpress/Fim

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