Acesso e desenvolvimento de carreira entre as maiores preocupações com o género e a ciência – secretária de Estado

Lisboa, 28 Fev (Inforpress) – A secretária de Estado do Ensino Superior, Eurídice Monteiro, apontou hoje, em Lisboa, a questão do acesso, a do desenvolvimento de carreira e a do reconhecimento científico e social como maiores preocupações com o género e a ciência.

A governante falava durante a conferência sobre “Mulheres e meninas na ciência” que decorreu em formato híbrido, a partir do auditório da sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), visando celebrar a “importância do acesso pleno e igualitário” à participação na ciência, tecnologia e inovação das mulheres e meninas, no mês em que se celebra o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.

“Tenho três questões a minha preocupação em relação ao género e à ciência. São elas, a questão do acesso, a questão do desenvolvimento de carreira e a questão do reconhecimento científico e social”, apontou.

Ao falar sobre o tema “Género e Ciência em Cabo Verde”, Eurídice Monteiro explicou que a questão de acesso tem a ver com todo o percurso de formação, de motivação e de atração por determinadas áreas. É importante frisar que há uma particularidade que tem a ver com os contextos sociais e culturais que determinam, ou de certa maneira, influenciam nas escolhas.

“Sociedades como as nossas, em que as mulheres ainda têm encargos sociais, familiares, domésticos, têm pesos e fardos culturais (…) como assédio sexual público e sistematizado, ou seja, temos um conjunto de situações que em algumas sociedades não são tão prementes, mas que noutras como a minha, a cabo-verdiana, é, em que o assédio sexual às crianças, sobretudo às meninas, desde a mais tenra idade, é uma problemática social, uma pandemia alastrada na sociedade”, frisou.

Para a secretária de Estado, essa questão é “uma problemática central” que não é discutida abertamente, mas que condiciona o acesso às oportunidades, sendo que em relação às carreiras a mesma preocupação se coloca em relação de barreiras que acabam por “condicionar”, sem esquecer o reconhecimento científico social que é “muito importante”, sublinhando que as “mulheres também precisam de protagonismo” e de serem ouvidas”.

Organizada pelo Secretariado Executivo da CPLP e a Cartas com Ciência, o evento teve intervenções na sessão de abertura, do director-geral da CPLP, Armindo Brito Fernandes, da representante da Cartas com Ciência, Mariana Alves, e da ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação de Angola, Maria do Rosário Bragança, na qualidade de presidente em exercício da CPLP.

“Desafios para equidade de género na educação e na divulgação científica”, “O papel da mulher na promoção da ciência”, “Laboratório de (re)escrita de textos: um incentivo à participação das meninas na ciência”, e “A diversidade como valor fundamental no mundo científico”, foram alguns dos outros temas debatidos.

Representantes de Portugal, Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau participaram na conferência que vai ter a sessão de encerramento presidida pela ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, Elvira Fortunato.

Cartas com Ciência foi lançado oficialmente no dia 05 de Maio de 2020 por dois cientistas portugueses, a Mariana Alves e o Rafael Galupa, e são programas de troca de cartas entre cientistas e estudantes nos países de língua oficial portuguesa, para promover o acesso à ciência e a quem pode tornar-se cientista.

A temática do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, de 2023, comemorado anualmente a 11 de Fevereiro, foi “Innovate. Demonstrate. Elevate. Advance – I.D.E.A.” (Inovar. Demonstrar. Elevar. Avançar​​.), ou seja, “trazer as comunidades para um desenvolvimento sustentável e equitativo”.

DR/CP

Inforpress/Fim

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