Bombeiros da Praia entram no 18º dia de greve e comandante acha “anormal” a falta de requisição civil

Cidade da Praia, 18 Ago (Inforpress) – Os bombeiros da Praia entraram hoje no 18º dia de uma greve convocada por tempo indeterminado e o comandante da corporação, Carlos Teixeira, acha “anormal” o Governo não ter atendido o pedido da câmara municipal para a requisição civil.

Em declarações à Inforpress, o comandante dos Bombeiros da Praia, com uma longa experiência na carreira, disse que esta está a ser a “greve mais longa” que alguma vez viveu na corporação da capital.

Conforme revelou, ele próprio já participou em greves dos bombeiros, mas sempre houve requisição civil, pelo que não entende que agora o Governo não faz isso, deixando a população da Praia à sua sorte.

“Estamos a actuar de acordo com o número de pessoal que temos neste momento”, indicou Carlos Teixeira, acrescentando que estão a funcionar com o serviço mínimo de onze pessoas divididas em quatro turnos, sendo uns com três pessoas e outros com dois.

Sobre o barco que descarregou gás butano no Porto da Praia sem a presença dos bombeiros, confirmou que esta situação aconteceu.

“Chamaram para mim do Porto e dei informações que estamos de greve e, mesmo assim, decidiram fazer a descarga e isto já não foi da nossa responsabilidade”, lamentou o comandante Teixeira, referindo-se ao navio que procedeu ao descarregamento do gás sem a presença dos bombeiros.

Para ele, se acontecer “algo grave”, a responsabilidade será do Governo que não tem atendido o pedido de requisição civil que a lei prevê.

“Esta greve dos bombeiros da Praia é inédita”, concluiu Carlos Teixeira.

Por sua vez, o líder do sindicato que convocou a greve, Gilberto Lima, garantiu que a paralisação continua.

“O Governo não atendeu o pedido da câmara para a requisição civil, porque entenderam que não há argumentos bastantes para o efeito”, afirmou Gilberto Lima.

Avançou à Inforpress que estão à espera que seja convocada uma assembleia municipal extraordinária para verem a situação dos bombeiros.

“O presidente da câmara da Praia visitou ontem os grevistas, mas não foi recebido da melhor forma”, revelou o sindicalista que assegurou que a greve vai continuar por “tempo indeterminado”.

De acordo com Gilberto Lima, Francisco Carvalho não visitou a corporação para resolver os problemas dos bombeiros. Disse que gostaria que Carvalho fosse lá, ao menos, para os “confortar e uma promessa, ainda que seja a médio ou a longo prazo”.

“Foi lá dizer que estava à espera que o Governo fizesse a requisição civil e isto não caiu no agrado dos bombeiros”, pontuou o sindicalista.

Quanto à situação do navio que descarregou o gás sem a presença dos bombeiros, entende que isto não devia ter acontecido.

“A Enacol [empresa de combustíveis] e a Enapor [empresa de gestão de portos] foram cúmplices pela situação e não fizeram diligências junto da câmara e tampouco junto do Governo para que os bombeiros estivessem lá presentes”, indicou Gilberto Lima.

Na sua perspectiva, quer os responsáveis da Enacol, quer os da Enapor “agiram de má fé”, no entender deste sindicalista.

“Os bombeiros estão convictos de que vão continuar a sua luta, independentemente de receber ou não o salário”, afiançou Lima, acrescentando que os homens da paz da Praia garantem que têm outra forma de viver.

Gilberto Lima, acusou o autarca praiense de fugir ao diálogo com vista ao levantamento da greve.

“Ele [Francisco Carvalho] podia ouvir o sindicato e apresentar-lhe-íamos uma proposta que poderia ajudar na suspensão da greve”, frisou aquele responsável sindical.

Instado se vão suspender a greve, caso o Governo venha a fazer a requisição civil, Gilberto Lima afirmou que sim, justificando que, neste caso, serão obrigados, por lei, a descontinuar a paralisação.

LC/ZS

Inforpress/Fim

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