Cidade da Praia, 26 Jan (Inforpress) – O bispo de Santiago disse hoje que a visita, há 29 anos, do Papa João Paulo II a Cabo Verde é uma data “memorável para os cabo-verdianos” e que este sumo pontífice provocou uma “viragem na própria história mundial”.
“Pela primeira vez um Papa a visitar Cabo Verde, um Papa de envergadura de S. João Paulo II, naturalmente, é motivo de orgulho de um povo e, também, de gratidão”, afirmou o Cardeal Dom Arlindo, para quem o antigo bispo de Roma percorreu o mundo quase todo, como pastor universal, e Cabo Verde pertenceu a esse grupo de países privilegiados, que teve a “graça da presença e bênção de João Paulo II”.
O responsável da Diocese de Santigado fez estas declarações em entrevista exclusiva à Inforpress, a propósito dos 29 anos da visita de João Paulo II ao arquipélago, que hoje se assinala.
O Sumo Pontífice visitara Cabo Verde durante os dias 25, 26 e 27 de Janeiro de 1990, e esteve na ilha do Sal, e nas cidades da Praia e do Mindelo e, naquela que seria a primeira e única visita de um Papa ao arquipélago.
Na altura da visita de João Paulo II, Dom Arlindo era um padre que estava a estudar em Roma e foi convidado pela Redacção do Observatório Romano, jornal oficial do Vaticano, para acompanhar e ver se teria havido alguma alteração nos discursos que tinham que ser publicados exactamente como foram proferidos pelo Papa.
“Vivi intensamente, como todos os cabo-verdianos, esse momento grande (da visita do Papa João Paulo II) para o país e para a nossa Igreja”, indicou o prelado, que recorda com “gratidão esta experiência interessante”.
Num dos seus discursos proferidos na cidade da Praia, João Paulo II desejara aos cabo-verdianos um “desenvolvimento autêntico” e uma solidariedade que levasse à fraternidade “assentes nos direitos e liberdades fundamentais inseparáveis da dignidade do homem”.
Um ano depois da visita dele, deu-se abertura política no país, tendo sido realizadas as primeiras eleições democráticas e multipartidárias.
Instado se a vinda do Papa a Cabo Verde teria contribuído para a democratização do país, Dom Arlindo Furtado respondeu nesses termos: “Com certeza, mas já antes porque o Papa visita um país a convite dos bispos locais e, também, das autoridades locais. A abertura das autoridades para convidar o Papa já era um grande sinal. Amílcar Cabral tinha sido recebido pelo Papa Paulo II. Acho que a sensibilidade de Aristides Pereira (primeiro Presidente de Cabo Verde) teria contribuído também para que a visita do Papa pudesse projectar um pouco o país para maior conhecimento mundial e despertar a sensibilidade de outros países para ajudarem Cabo Verde, um país aberto aos valores ocidentais”.
O Papa João Paulo II, prossegue o Cardeal, enquanto homem de “personalidade forte” ajudou muitas regiões do globo à “maior democracia participativa”.
“A presença dele em Cabo Verde também ajudou e deu impulso à abertura política, o que é muito positivo para a nossa história”, enfatizou Dom Arlindo.
De Cabo Verde, o Santo Padre seguiu para a vizinha Guiné-Bissau, e depois Mali e Burkina Faso.
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