Cidade da Praia, 07 Jul ( Inforpress) - O Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) informou hoje que para este ano há uma previsão para menos chuvas, com tendência deficitária e com probabilidade de se iniciar no final de Julho ou início de Agosto.
Estas informações foram avançadas pela administradora executiva do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, Denise Pina, em conferência de imprensa, na Praia, para apresentação dos resultados da previsão pluviométrica sazonal e a situação dos recursos hídricos em Cabo Verde em 2025.
Estes dados, segundo Denise Pina, foram validados entre vários técnicos de diferentes países da região África Sudano-Saheliana no Fórum PRESASS 2025 realizado na Nigéria.
Denise Pina avançou que para todo o arquipélago as previsões apontam para os trimestres Junho, Julho e Agosto (JJA), e Julho, Agosto e Setembro (JAS) uma maior probabilidade de ocorrência de chuvas, próximas da normal climatológica, com tendência para deficitárias.
“Vale ressaltar que o valor da normal climatológica para JJA é cerca de 106,7 mm que corresponde a 106,7 litros por metro quadrado de terreno e o valor da normal para JAS está a volta dos 244,0 mm que corresponde a 244,0 litros por metro quadrado de terreno”, declarou aquela responsável”.
A administradora executiva do INMG apontou que existe uma “forte probabilidade” de que o início e o fim da estação sejam tardios, em finais de Julho ou início de Agosto, destacando que a estação se inicia quando há chuvas superiores a 20mm de um a três dias consecutivos.
Segundo comunicou, estão previstas sequências de secas longas, tanto no início da instalação da campanha agrícola, como no final.
“Isto quer dizer que, após o estabelecimento do início da estação e no fim da estação das chuvas, os dias consecutivos sem chuva poderão ser ´superiores´ em número do que o habitual”, elucidou.
Denise Pina referiu ainda que há forte probabilidade para ocorrência de ventos extremos na região do atlântico, acima da média, que podem ocorrer com tempestades tropicais, chuvas intensas, ventos fortes e agitação marítima, e que podem atingir todo arquipélago com magnitudes diferenciadas.
De acordo com a mesma fonte, as informações da previsão pluviométrica sazonal deste ano serão monitorizadas e actualizadas mensalmente pelo INMG até o final do ano agrícola.
Por outro lado, o administrador da Agência Nacional de Agua e Saneamento, Hipólito Gonçalves, indicou que com base nas informações sobre a provável situação pluviométrica para este ano pode-se prever também uma “fraca recarga” dos aquíferos, o que afectará “grandemente” a disponibilidade em água, seja para consumo humano, abeberamento dos animais e para a agricultura.
Neste sentido, disse que com a escassez de água que o arquipélago vem enfrentando ano após anos, a aposta na dessalinização de água salobra ou salgada, aliada à reutilização segura de águas residuais tratadas, tem revolucionado o panorama hídrico do país.
Lembrou que o Governo está a apostar na dessalinizadora de Achada Baleia, no município de São Domingos, e em Santa Cruz, para apoiar sobretudo os agricultores e criadores de gado a ter água para continuar a apostar nas suas actividades.
“O Governo, como os privados, têm apostado no investimento em perfurações em regiões onde ainda existem algum potencial hídrico e que isto tem aumentado, tornando a água subterrânea mais acessível”, afirmou.
Considerou que estas soluções sustentáveis contribuem para “reduzir a pressão” sobre os aquíferos subterrâneos, assegurando “maior resiliência” no abastecimento de água.
Gonçalves também ressaltou que embora tenha havido diminuição da recarga subterrânea, o registo dos volumes de água explorados a cada ano, para os diversos usos, não tem sofrido “grandes alterações”.
No que diz respeito à mobilização de água, nos últimos 9 anos, o administrador da ANAS destacou que a mobilização de água em Cabo Verde tem sido marcada por um “esforço contínuo” para garantir o abastecimento público e apoiar os sectores produtivos, incluindo a agricultura, a pecuária e a indústria.
“Os dados acumulados demonstram a crescente dependência da água dessalinizada, bem como a pressão crescente sobre os recursos subterrâneos, sendo que a água dessalinizada, o volume produzido está estimado em 106 milhões metro cúbico (média anual de 12 milhões metro cúbico)”, disse.
Sublinhou que a ANAS tem estado engajada no controle e na gestão hidrológica em todo o arquipélago, intensificando a monitorização quantitativa e qualitativa, no sentido de garantir o necessário equilíbrio na exploração das águas subterrâneas e na gestão sustentável e adequada dos pontos de água, principalmente dos poços e dos furos, cuja tendência devido aos anos de seca, tem sido de uma exploração acima do regime recomendado.
DG/JMV
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